A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na tarde desta sexta-feira (23) recomendações a mulheres que utilizem implantes mamários de silicone da marca francesa Poly Implant Prothèse (PIP).
Em nota, a agência sugere que mulheres com implantes PIP procurem seus médicos para realizar exames e serem avaliadas clinicamente. Já profissionais de saúde podem procurar suas pacientes e discutir com elas a melhor conduta a ser adotada.
Serviços de saúde devem comunicar à Anvisa todos os casos que envolvam eventos incomuns ou a retirada do "implante mamário preenchido de gel de alta coesividade" (nome comercial do produto no Brasil). A notificação pode ser feita pela Notivisa, serviço que pode ser encontrado no site da agência.
A autoridade sanitária francesa (Afssaps) recomendou que 30 mil mulheres na França retirem as próteses da marca por conta do alto risco de rupturas e de irritação cutânea. A agência afirma que a extração dos implantes seria uma medida "preventiva, não emergencial".
No Brasil, cerca de 25 mil mulheres receberam o implante na época em que o produto ainda era aprovado para utilização no país - ou seja, até abril de 2010.
Entenda o caso
A polêmica com o material usado para próteses mamárias da marca PIP começou em março de 2010, quando irregularidades na produção do produto foram detectadas pela agência sanitária francesa. O resultado foi a falência da empresa, fundada em 1991 no sul do França.
No mês seguinte, a Anvisa proibiu o uso do material no Brasil e retirou as próteses do mercado. À época, o preço do silicone PIP era de R$ 1,8 mil, mesmo valor cobrado por outras empresas do ramo.
Após investigações, as autoridades do país descobriram que a PIP utilizava silicone industrial na fabricação do material que era usado em pacientes. Segundo Aboudib, esse tipo de mistura pode causar reações inflamatórias e levar a problemas como mastite.
Outro problema seria a maior chance de ruptura deste material, o que levou às autoridades francesas a recomendarem agora que as 30 mil pacientes no país retirem suas próteses, após consultar os médicos em que confiam ou que fizeram os implantes.
Esses eventos adversos em implantes PIP aconteciam duas vezes mais do que a média com outras próteses mamárias. Ao todo, cerca de 300 mil implantes PIP foram vendidos no mundo, normalmente usados para aumento dos seios ou para substituição do tecido mamário original.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) afirma que a retirada das próteses mamárias da marca PIP não deve ser feita sem a consulta de médicos.
Nesta terça-feira, o G1 publicou uma reportagem na qual um médico ligado à sociedade mantinha a opinião de que brasileiras com implantes dessa empresa deveriam marcar rapidamente cirurgias para remover o silicone.
Segundo a SBCP, no Brasil são realizados cerca de 100 mil implantes de silicone nos seios por ano. Para esclarecer a posição da entidade sobre o tema, o presidente recém-eleito José Horácio Aboudib conversou com o G1.
"Nós não recomendamos a retirada imediata de próteses por qualquer motivo", disse. "O ideal é que a paciente mantenha a rotina de visitas periódicas ao médico que a operou e discuta com ele a necessidade de manutenção do material."
Segundo Aboudib, ainda não ficou provada a relação entre o silicone usado pela empresa PIP e o desenvolvimento de câncer. "Na nossa opinião, a atitude do governo francês de recomendar a retirada de todos os implantes não é justificada já que nenhum novo dado científico foi divulgado a respeito", diz o presidente da SBCP.
Oito pacientes
Ainda na França, oito casos de pacientes com implantes defeituosos foram registrados: cinco com câncer de mama, um com linfoma raro no seio, um com linfoma na amígdala e outro de leucemia. Segundo Aboudib, algumas das próteses não eram da marca PIP.
Apenas uma morte de paciente com linfoma -- um tipo de câncer no tecido de defesa do corpo humano -- foi apontado pelas autoridades e especialistas franceses como causado pela existência do implante mamário.
Mas mesmo a Afssaps não sabe dizer se o câncer foi causado pelo produto irregular da marca PIP ou se poderia ter se desenvolvido com qualquer outra prótese mamária.
A mistura do material médico com silicone industrial pode ter tornado as próteses mais frágeis e aptas a serem rompidas. Mesmo com esse problema, para Aboudib a relação da rutura das próteses com câncer nas pacientes nunca ficou provada.
Essa conclusão é compartilhada pela própria agência sanitária francesa, que também não sabe dizer quantos dos 30 mil implantes PIP foram feitos com o silicone impróprio para uso em humanos.
Em nota, a agência sugere que mulheres com implantes PIP procurem seus médicos para realizar exames e serem avaliadas clinicamente. Já profissionais de saúde podem procurar suas pacientes e discutir com elas a melhor conduta a ser adotada.
Serviços de saúde devem comunicar à Anvisa todos os casos que envolvam eventos incomuns ou a retirada do "implante mamário preenchido de gel de alta coesividade" (nome comercial do produto no Brasil). A notificação pode ser feita pela Notivisa, serviço que pode ser encontrado no site da agência.
A autoridade sanitária francesa (Afssaps) recomendou que 30 mil mulheres na França retirem as próteses da marca por conta do alto risco de rupturas e de irritação cutânea. A agência afirma que a extração dos implantes seria uma medida "preventiva, não emergencial".
No Brasil, cerca de 25 mil mulheres receberam o implante na época em que o produto ainda era aprovado para utilização no país - ou seja, até abril de 2010.
Entenda o caso
A polêmica com o material usado para próteses mamárias da marca PIP começou em março de 2010, quando irregularidades na produção do produto foram detectadas pela agência sanitária francesa. O resultado foi a falência da empresa, fundada em 1991 no sul do França.
No mês seguinte, a Anvisa proibiu o uso do material no Brasil e retirou as próteses do mercado. À época, o preço do silicone PIP era de R$ 1,8 mil, mesmo valor cobrado por outras empresas do ramo.
Após investigações, as autoridades do país descobriram que a PIP utilizava silicone industrial na fabricação do material que era usado em pacientes. Segundo Aboudib, esse tipo de mistura pode causar reações inflamatórias e levar a problemas como mastite.
Outro problema seria a maior chance de ruptura deste material, o que levou às autoridades francesas a recomendarem agora que as 30 mil pacientes no país retirem suas próteses, após consultar os médicos em que confiam ou que fizeram os implantes.
Esses eventos adversos em implantes PIP aconteciam duas vezes mais do que a média com outras próteses mamárias. Ao todo, cerca de 300 mil implantes PIP foram vendidos no mundo, normalmente usados para aumento dos seios ou para substituição do tecido mamário original.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) afirma que a retirada das próteses mamárias da marca PIP não deve ser feita sem a consulta de médicos.
Nesta terça-feira, o G1 publicou uma reportagem na qual um médico ligado à sociedade mantinha a opinião de que brasileiras com implantes dessa empresa deveriam marcar rapidamente cirurgias para remover o silicone.
Segundo a SBCP, no Brasil são realizados cerca de 100 mil implantes de silicone nos seios por ano. Para esclarecer a posição da entidade sobre o tema, o presidente recém-eleito José Horácio Aboudib conversou com o G1.
"Nós não recomendamos a retirada imediata de próteses por qualquer motivo", disse. "O ideal é que a paciente mantenha a rotina de visitas periódicas ao médico que a operou e discuta com ele a necessidade de manutenção do material."
Segundo Aboudib, ainda não ficou provada a relação entre o silicone usado pela empresa PIP e o desenvolvimento de câncer. "Na nossa opinião, a atitude do governo francês de recomendar a retirada de todos os implantes não é justificada já que nenhum novo dado científico foi divulgado a respeito", diz o presidente da SBCP.
Oito pacientes
Ainda na França, oito casos de pacientes com implantes defeituosos foram registrados: cinco com câncer de mama, um com linfoma raro no seio, um com linfoma na amígdala e outro de leucemia. Segundo Aboudib, algumas das próteses não eram da marca PIP.
Apenas uma morte de paciente com linfoma -- um tipo de câncer no tecido de defesa do corpo humano -- foi apontado pelas autoridades e especialistas franceses como causado pela existência do implante mamário.
Mas mesmo a Afssaps não sabe dizer se o câncer foi causado pelo produto irregular da marca PIP ou se poderia ter se desenvolvido com qualquer outra prótese mamária.
A mistura do material médico com silicone industrial pode ter tornado as próteses mais frágeis e aptas a serem rompidas. Mesmo com esse problema, para Aboudib a relação da rutura das próteses com câncer nas pacientes nunca ficou provada.
Essa conclusão é compartilhada pela própria agência sanitária francesa, que também não sabe dizer quantos dos 30 mil implantes PIP foram feitos com o silicone impróprio para uso em humanos.